quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Corremos risco de racionamento de energia neste ano?


(Fonte da imagem: Gigantes do Mundo)

Bom dia pessoal. Conforme prometido, após o descanso para as festas de final de ano e de uma espécie de "correção" que fiz para a noobisse de ter me excluído da equipe de editores do blog (não me perguntem como consegui isso), o Minuto Produtivo volta às suas atividades normais. E hoje, será comentado aqui  uma preocupação que está sendo levantada já no início deste ano. Abaixo segue trechos da matéria do Climatempo. Retorno para comentar.

"Dezembro, um dos meses mais chuvosos no Sudeste e no Centro-Oeste teve registro de menos chuva do que o normal. Com isso, os reservatórios que já estavam com níveis bem baixos (entre 20 e 30%) baixaram ainda mais ao longo do mês passado. Além disso, houve outros fatores que pioraram ainda mais a situação, como por exemplo, o excesso de calor e a consequente elevação da alta carga de consumo. As vendas de ar condicionado este ano foram destaque no Natal e até mesmo antes dele, pois o calorão em outubro também levou os brasileiros às compras dos produtos de climatização.

[...] Choveu acima do normal apenas em parte do Sul, de São Paulo e do Norte [...]. Nas demais áreas do Sudeste, no Centro-Oeste e no Nordeste choveu menos do que o padrão climatológico do mês [...]. Em consequência da falta de chuva (poucas nuvens) fez muito mais calor do que a média. Se olharmos apenas para os grandes reservatórios que geram energia elétrica no país apenas o de Tucuruí, no Norte do Brasil, e os menores do Sul tiveram registro de mais chuva do que a média. Mesmo onde choveu mais do que o normal a chuva foi irregular, ou seja, em poucos dias choveu muito e em vários dias tivemos muito sol e pouca chuva – o que é ruim para a recuperação (elevação) do nível das represas e/ou lagos.

E essa chuva (ou falta dela) ocorreu em cima de áreas que já vinham com grande déficit hídrico. Comparando o nível dos reservatórios no site da ONS (Organizador Nacional do Sistema) podemos verificar que hoje estamos em níveis extremamente baixos. Comparando ano a ano chegamos à seguinte conclusão: estamos em níveis semelhantes aos observados em 2001 – ANO DO APAGÃO. E, o pior: até a presente data (02/01/2013) os dados só estão totalizados até novembro de 2012. [...]

Observando os dados da ONS acima vemos que a demanda (carga de consumo) em relação a 2001 foi bem maior este ano. A geração de energia também foi maior, devido ao aumento dos reservatórios capazes de produzir energia elétrica. No entanto, em termos de valores podemos verificar que a demanda foi maior do que a geração. Se olharmos apenas para novembro de 2012, quando tivemos mais nuvens, menos calor e um pouco mais de chuva, o déficit entre a demanda e a geração foi de mais de 20000 MW. Para se fechar o balanço o governo despachou a geração todos os tipos de geração térmica – o que é bem mais caro e ambientalmente incorreto.

Diante do dilema acima descrito vem algumas perguntas: E o que pode acontecer se não chover? Vai chover?

Bem, de acordo com a expectativa da maior parte dos modelos numéricos de previsão do tempo e do clima devemos ter uma continuidade da chuva irregular pela frente. O que isso quer dizer? Não vai chover? Não teremos temporais de verão?

Teremos temporais isolados e irregulares sim, a exemplo do que já ocorreu em dezembro em várias localidades e neste começo de janeiro no Estado do Rio. Ou seja, poucos dias com chuva muito forte e vários dias sem chuva ou com chuva esparsa e fraca. Não é esse tipo de chuva que resolve o problema.

O que resolveria?

Para resolver o problema deveria ocorrer a formação de um fenômeno meteorológico conhecido tecnicamente como ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) para haver a recuperação dos reservatórios do Sudeste e do Nordeste. E as condições estão, neste exato momento, desfavoráveis a essa ocorrência. Para que houvesse uma recuperação plena, ou satisfatória, o tempo deveria fechar agora e ficarmos aí umas três ou quatro semanas sem sol e debaixo de muita chuva – umas três vezes a média climatológica (que já é bem elevada – de 250 a 400mm no subsistema Sudeste). E não é isso que deve acontecer [...]. Deve chover um pouco mais até o dia 10, mas depois passaremos por um período mais seco e quente e só mais para o fim do mês teremos um período mais úmido novamente.

Sem a formação de alguns períodos com ZCAS devemos fechar janeiro e fevereiro com menos chuva do que o normal. Depois não deve haver recuperação, pois já devemos entrar no período climatologicamente mais seco. Ou seja, os reservatórios devem deixar o período úmido com menos de 40% de sua capacidade total e a “BOMBA” pode vir ao longo do ano de 2013. [...]"

Voltei...

Bem, 2012 foi um ano marcado por diversos apagões em vários estados do país. Corroborando com a matéria do Climatempo, dezembro foi um mês bastante seco e quente no Espírito Santo. Choveu pouco mais de 20% do esperado (42 mm contra 196 mm) e a temperatura média ficou 3ºC acima do normal, que é de 30ºC. Mas o que é o real motivo de preocupação é o fato de que os reservatórios das principais usinas hidrelétricas que alimentam o país estarem a níveis semelhantes aos da época em que teve o racionamento de energia ocorrido em 2001.

"Tá, mas onde que você quer chegar com isso?". Vamos voltar um pouco no tempo. Em 2001, quando os brasileiros (salvo os da Região Sul, que estava com seus reservatórios cheios) tiveram que reduzir em 20% o consumo de energia para afastar a possibilidade de blecautes forçados. E na época, o governo federal (na época FHC) alegou que a falta de chuvas no período 2000-01 levou a tal medida, apesar de que é mais que sabido que a falta de investimentos no setor de geração de energia elétrica foi o principal fator que levou ao racionamento de energia. Tal ocorrido, bem como o fraco desempenho da economia na época e a escalada da inflação em 2002 foram fatores que pavimentaram a vitória de Lula nas eleições de 2002.

Enfim, mais de dez anos se passaram. Passamos pelo governo Lula e agora estamos no começo do terceiro ano do governo Dilma, o que já significa que passamos de dez anos de gestão petista no Brasil, portanto já não existe mais a desculpa de "o antecessor teve oito anos e não fez nada". E o "fantasma do apagão" está de volta, vivo e forte. A propósito, nunca nos livramos totalmente de tal problema e não fosse a crise econômica iniciada em 2008 e que continua até hoje, ainda no governo do cara que "nunca na história deste país" supostamente fez tudo que conhecemos (afinal, antes disso só existia o nada, a escuridão e os...Tucanos) já teríamos passado pelo mesmo infortúnio que a representação do capiroto em forma de presidente passou, como disse há alguns meses. E o motivo disso é praticamente o mesmo: insuficiência de investimentos no setor elétrico. Sim, é admissível que nos oito anos de governo Lula, bem como no governo Dilma se utilizou mais recursos para o setor que no governo FHC, mas também é fato de que a oferta de energia continua em descompasso com a demanda. E conforme a matéria do Climatempo, para compensar esta discrepância, houve a necessidade de se recorrer às termelétricas, que sai mais caro e é mais danoso ao meio ambiente.

Se teremos risco de termos de economizar energia para que não enfrentemos blecautes seletivos em alguns dias da semana, só o tempo (e o volume de chuvas que cair nos próximos meses) dirá. Eu particularmente acredito que não será muito provável que passemos pelo mesmo vexame de mais de dez anos atrás, uma vez que diferente de 2001 temos um sistema de termelétricas que podem ser acionadas caso a oferta de energia das hidrelétricas não seja suficiente. Mas pelo fato da energia gerada pelas térmicas ser mais cara, isso pode colocar em xeque o plano do governo Dilma de tornar a conta de luz mais barata para indústrias e consumidores residenciais. Lembrando que no ano que antecedeu o racionamento de energia no governo FHC (2000), o PIB cresceu 4,3% (dados de crescimento do PIB de 1986 a 2010 aqui), contra os 0,98% esperados para o ano passado, sinal de que a situação atual, não fosse o backup das termelétricas, seria muito mais grave.

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